A pronuncia do "à" com crase é diferente da de "a" sem crase


Como falámos, em Portugal "à" se lê de forma diferente de "a". A primeira se pronuncia \á\, e a segunda, \â\. 

Isso em Portugal.  No Brasil, não existe distinção fonológica entre as duas palavras; as duas pronúncias são aceitáveis, mas \á\ é a mais geral.

Isso implica que os portugueses tenham menos dificuldade ao escrever; espera-se que saibam quando há crase e quando não há.  No Brasil, isso é uma dor de cabeça. Muitos brasileiros escreveriam "*à ele", enquanto um português não cometeria esse erro.

Não é só nesse tipo de crase que os portugueses pronunciam a vogal aberta. Tome por exemplo a palavra "mordomo"; em Lisboa, pronunciam o primeiro O aberto (\ó\), o que jamais fazem em São Paulo. É que essa palavra antigamente era moordomo; houve um fenômeno de crase e "oo" virou "o". Quando isso acontece, os portugueses pronunciam o antigo hiato como vogal aberta. Isso também acontece com "esquecer" (derivado de scaecer), "padeiro" (paadeiro) e "dezoito" (dez-a-oito)Em Portugal, "dezoito" é normalmente pronunciado \dezóito\. 

Essa pronúncia de "dezoito" não é aparente para nós porque decidiram não admitir a escrita "dezóito", já que a pronúncia fechada também existia e não queriam ter duas formas diferentes de escrever a mesma palavra. Isso também aconteceu com "comboio"; embora fosse possivelmente pronunciado \combóio\, baniram o acento da palavra. Mesmo assim, o acento permaneceu em "bóia", o que é uma situação estranha. Foi para acabar com essa estranheza que tiraram o acento de "boia", "joia" e "asteroide", embora não houvesse divergência de escrita entre Brasil e Portugal.

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